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Instituto Claro

236 Episodes

9 minutes | Jun 30, 2022
Empreendedorismo feminino: especialista aponta 3 passos para transformar geração de renda em negócio
As mulheres compõem um dos grupos mais afetados pela atual crise econômica, segundo a economista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fundadora do No Front – Empoderamento Financeiro, Gabriela Chaves. Ela aponta o aumento das responsabilidades atribuídas às mulheres, por exemplo, com o fechamento das escolas no período agudo da pandemia de covid-19. Como consequência, muitas têm buscado novas alternativas de geração de renda. “Quando falamos de empreendedorismo – de inovação —, a gente está falando de todo um ecossistema que investe. Vemos que as mulheres ainda estão bastante à margem, batalhando muito pra conseguir se manter e conseguir manter o mínimo de dignidade pra si e para as suas famílias, diante da crise econômica que a gente está vivendo”, avalia. Para a especialista, o machismo estrutural da sociedade brasileira faz com que haja maior dificuldade de acesso a investimentos e estímulos para que mulheres possam empreender: “Você vai ter desde essa tendência da sociedade a responsabilizar as mulheres exclusivamente pelas tarefas do cuidado a uma diferença sistêmica de remuneração entre homens e mulheres, mesmo nos postos de trabalho formalizados”. Para mudar esse quadro, Chaves se empenha em cursos de educação financeira e, no áudio, traz três pontos que podem transformar ações de geração de renda em empreendedorismo. Para ela, trabalhar por conta própria não é sinônimo de empreender. É preciso trazer inovação.
9 minutes | Jun 28, 2022
‘Escola é mais sobre formação do que informação’, afirma Helena Nader
A biomédica Helena Nader se tornou, em maio deste ano, a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Ciências. Estimular a educação que faz pensar, em vez de entregar respostas prontas, é uma das metas da pesquisadora e professora. A crença de que isso muda a postura das pessoas vem desde a infância, quando teve professores que valorizavam a formação, muito mais do que a mera informação. “Por que que a gente quer um método científico? Não é pra todo mundo ser cientista, mas a ciência te ajuda a compreender o mundo. E pra entender a ciência é só fazendo perguntas”, afirma. No triênio 2022-2025, Helena Nader tem como prioridades a promoção da pluralidade na ciência e a educação. Para ela, é preciso combater a intromissão de algumas religiões no ambiente escolar. “Você pode dar o nome que quiser para a fé, mas não pode negar os dados científicos. Como que você faz isso? Faz a criança, o adolescente, observar ao redor com exemplos e ele mesmo pode chegar à conclusão”, defende. No áudio, ela ainda fala sobre a necessidade de valorizar os professores e a importância de pensar na educação como um investimento a longo prazo. “Qualquer recurso que você coloque em educação é investimento, ele vai dar retorno. Não vai dar retorno no período do mandato daquele indivíduo, mas nos anos seguintes. Então, a maioria não gosta dessa ideia de investimento de longo prazo. Mas ou a gente faz isso, ou nós vamos andar para trás”, conclui.
9 minutes | Jun 21, 2022
Estudo da obra de Cornélio Pires na escola valoriza cultura caipira
Cornélio Pires (1884/1958) nasceu na cidade de Tietê, interior de São Paulo. Antes de ser reconhecido como um dos principais escritores e pesquisadores na valorização da cultura caipira, chegou a travar importante disputa com Monteiro Lobato para desmistificar a imagem atribuída à cultura caipira. Sua obra pode ser apresentada aos alunos para quebrar preconceitos. “Essa resistência do homem livre, do caboclo, em ser um escravo ou um mero funcionário sem direitos, foi interpretada como uma indolência, como uma preguiça – deformação cultural. Então, o Monteiro Lobato (em artigo de 1918) vai acusar o caboclo, que é esse homem livre, e o condena – diz que ele não é civilizado”, revela a doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Arlete Fonseca. A cultura caipira coletada, criada e difundida por Cornélio Pires desconstruía esta imagem. Ele defendia que mesmo ao deixar o campo, o caipira não devia perder seus atributos característicos: camaradagem, alegria e simpatia. O contato com a visão de Pires fez Lobato rever sua posição e, inclusive, escrever uma carta elogiosa ao folclorista. “Você, Cornélio, é um dos pouquíssimos que vão ficar. Há tanta verdade nos seus tipos, tanta vida; há tanto humanismo na tua obra. Há tanta beleza e tanta originalidade em teu estilo, que estás garantido (...) Um sincero abraço, Monteiro Lobato”. No áudio, além da análise da importância da obra de Cornélio Pires para a valorização da cultura caipira, o contador de histórias e educador Giba Pedroza traz sugestões de atividades envolvendo causos e superstições para o ensino fundamental. Leia mais no portal do Instituto Claro
10 minutes | Jun 15, 2022
‘Pena que governos e indústrias não escutaram a mensagem’, reflete especialista 30 anos após Rio-92
Entre 5 e 16 de junho de 1972 aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia). Foi o primeiro importante alerta sobre a necessidade de a humanidade tomar medidas emergenciais de proteção ao meio ambiente. Duas décadas depois, na Rio-92, os avisos se intensificaram. Esses dois momentos são lembrados pela Mostra Ecofalante deste ano. “Essas duas conferências foram extremamente importantes pra trazer esta mensagem de que a sustentabilidade é absolutamente estratégica para a nossa sociedade. É uma pena que os governos e as indústrias não escutaram essa mensagem e continuam as suas atividades como se nada estivesse acontecendo num planeta em colapso ambiental”, analisa o professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e integrante, há mais de 30 anos, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC) Paulo Artaxo. Para o pesquisador, os desastres ambientais que têm sido constantes no Brasil e no mundo vão continuar e se intensificar se não houver um esforço coletivo em torno das emergências climáticas. “O IPCC, no último relatório do Grupo de Trabalho III, coloca que nós já temos a tecnologia pra construir uma sociedade sustentável. Mas visões de curto prazo das empresas, que querem o maior lucro possível no menor espaço de tempo possível, e a visão de curto prazo da enorme maioria dos governos está impedindo que a sociedade evolua para uma economia global sustentável. E isto é um problema, obviamente, muito sério para a nossa sociedade como um todo”, conclui. Ainda no áudio, o diretor da Mostra Ecofalante, Chico Guariba, indica três filmes que estão disponíveis online e gratuitamente, em comemoração aos 10 anos de dedicação ao cinema ambiental. Veja mais no portal do Instituto Claro: https://www.institutoclaro.org.br
9 minutes | Jun 14, 2022
100 anos de José Saramago: ‘O conto da ilha desconhecida’ é metáfora para sonho realizado
“O Conto da Ilha Desconhecida” é um dos principais trabalhos voltados para o público infantojuvenil assinados por José Saramago. Na obra, um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. “A ilha desconhecida é a representação de um grande sonho, que é projetar ideias, desejos, pensamentos, expectativas de vida. E eu diria, também, que talvez ele fale, sobretudo, do caminhar para as conquistas humanas. A importância, talvez, não seja tanto encontrar a ilha desconhecida, mas lutar pela busca desta ilha”, avalia a professora de Teoria Literária e de Literatura Brasileira e Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Vera Bastazin. O conto do autor português, que completaria 100 anos em 2022, é mostrado como uma parábola do sonho realizado, uma esperança de que a vontade e a obstinação façam a fantasia “ancorar em porto seguro”, como descreve a apresentação do livro. Esse sonho, no entanto, é submetido a uma série de burocracias, diante do estado consolidado das coisas. “Esse personagem representa um pouco o desejo que todos nós temos, mas que nem todos temos a coragem de exercer: ser um sonhador e sair lutando por isso. Então ele enfrenta o rei nesse sentido e diz ‘olha, o sonho é maior do que o seu poder de rei’. E ele vai mostrar. Até poderia não existir uma ilha desconhecida, mas ele dá vida, dá espaço, dá realização”, conclui a entrevistada, que também é autora do livro “José Saramago: uma Homenagem”. No áudio, ela faz análise de ‘O conto da ilha desconhecida’. Veja mais no portal do Instituto Claro: https://www.institutoclaro.org.br/
8 minutes | May 26, 2022
O que é Estado democrático de direito?
No chamado Estado democrático de direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo, levando-se em conta a dignidade humana. “É um Estado que vive sob regras produzidas pela população, em nome da população, e a serviço da população. E que instaura uma igualdade e uma liberdade para todos os atores, debaixo da Constituição”. A definição é da cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos Vera Cepêda. “A obrigação do Estado é manter a qualidade de vida do conjunto da sua população e impedir conflitos sociais”, pontua a professora. Ela faz uma analogia do Estado com a ideia de família: “Temos uma família quando você protege os mais fracos, estabelece relações de igualdade entre os filhos, em que se trabalha pelo bem comum e não pelo bem individual.” Nessa perspectiva, a especialista pontua que mesmo regimes autoritários podem ter regras para o corpo social, mas isso não os enquadra no Estado democrático de direito. “Eles até podem ter uma aparência de um governo constitucional. Mas não garantem a soberania da sociedade com relação ao Estado”, afirma. Assim, o autoritarismo se caracteriza quando “indivíduos e grupos se apropriam da força coletiva, que é a força da política, para benefício próprio. Esse é o risco que a gente tem que combater no mundo moderno”, enfatiza, como pesquisadora há 30 anos de questões que envolvem a democracia.
9 minutes | May 24, 2022
Educação política: participação de estudantes fortalece democracia dentro e fora da escola
Liberdade de expressão, democracia e cidadania não são conceitos fáceis de ensinar. No entanto, a educação é uma das formas de estimular a participação de estudantes nas decisões da escola e de demonstrar a importância da política. “Eu sempre brinco com os alunos: falo pra eles que a gente acorda e escolhe uma roupa para ir para escola ou para trabalhar. E o fato de a gente escolher uma roupa é uma liberdade que a democracia nos garante, e é uma liberdade de expressão. E nisso está a política, né?”, explica a doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e diretora do movimento Voto Consciente, Joyce Luz. Entrevistada neste podcast, a professora de educação política em escolas periféricas de São Paulo reforça que não é preciso falar em candidato, nem partido, mas sim ensinar como funciona a estrutura política na prática. Um dos exemplos nesse sentido é o estímulo que a comunidade escolar pode dar ao grêmio estudantil. “Nós temos direitos, mas nós também temos deveres. E dentro do grêmio estudantil, os alunos aprendem a desenvolver esses dois eixos: o eixo da garantia dos direitos; mas também o eixo de você praticar os seus deveres, que, hoje, é a responsabilidade social. É você se enxergar no outro e ajudar a suprir a necessidade do outro. Se eu pudesse dar um recado pra todos os diretores de escolas eu incentivaria muito os grêmios nas escolas”, conclui Luz.
10 minutes | May 17, 2022
‘Geração do quarto’: pesquisa aponta jovens mais isolados e angustiados
O livro “A geração do quarto: Quando crianças e adolescentes nos ensinam a amar”, de Hugo Monteiro Ferreira, é resultado de pesquisa com mais de 3 mil alunos entre 11 e 18 anos, de cinco capitais brasileiras. Os dados foram coletados em 2017 e 2018, em um período pré-pandemia. Já naquela época, no entanto, o autor buscava entender como estava a condição socioemocional dos jovens e se deparou com uma geração com sofrimentos e angústias, saindo pouco de casa e interagindo pelas redes sociais. “É uma geração que se comunica pouco na face a face, mas se comunica muito através da internet e é ao mesmo tempo também uma geração que marca o seu sofrimento no corpo”, sintetiza o autor, que é professor e coordenador do Núcleo do Cuidado Humano e do Grupo de Estudos de Transdisciplinaridade da Infância e da Juventude da Universidade Federal Rural de Pernambuco (GETIJ/UFRPE). “A pandemia não criou o adoecimento socioemocional e mental dos adolescentes. Ela intensificou aquilo que nós já sabíamos e que de algum modo negligenciávamos”, pondera. Na entrevista para o Instituto Claro, Ferreira aponta que a escola deve dar atenção a habilidades socioemocionais e discorre sobre cinco pilares que estão na obra e podem diminuir o sofrimento e, ao mesmo tempo, valorizar a potência dessa geração: autocuidado/cuidado, autoconhecimento, convivência, diálogo e amorosidade. Veja mais no portal do Instituto Claro
9 minutes | May 11, 2022
10 anos da lei de cotas: pesquisador defende manutenção da política
No Brasil, a Lei de Cotas (nº 12.711) foi aprovada em agosto de 2012, como política pública de ação afirmativa na educação superior. Ela foi resultado de uma década de debates, que tiveram início com a participação do país na III Conferência contra Xenofobia e Discriminação, em Durban, na África do Sul, em 2001. “A delegação brasileira, nessa Conferência, liderada pela Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, com uma grande representação dos movimentos sociais, principalmente negros e negras, quando volta para o Brasil, assume oficialmente o racismo e, como assinou a declaração de Durban, começou a trabalhar sobre as questões de cota”, explica o professor titular aposentado do departamento de antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), Kabengele Munanga. Referência sobre a questão racial e a importância das políticas de ações afirmativas, o pesquisador foi ouvido neste podcast para avaliar os avanços trazidos pela regulamentação, que determina que as universidades, institutos e centros federais reservem 50% das suas vagas para estudantes oriundos de escola pública, sendo parte delas destinadas a estudantes negros e indígenas. “Tem universidades brasileiras que, a partir das cotas, tiveram mais negros do que em todo tempo de sua existência. Então, as cotas são importantes em termos de inclusão de jovens negros e indígenas na universidade. É um processo que vai exigir mais tempo, por isso que se luta hoje para manutenção em termos de reserva de vagas nas universidades públicas brasileiras”, defende Munanga, diante da revisão prevista para acontecer até agosto e das ameaças de mudanças na legislação, que são comentadas no áudio pelo professor.
9 minutes | May 10, 2022
Como trabalhar projeto de vida na escola: 5 formas de engajar alunos
O Projeto de Vida foi inserido como componente curricular do “novo ensino médio” pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2018. O objetivo era aumentar o engajamento de alunas e alunos, ao incentivar adolescentes a estudarem com um planejamento voltado ao futuro pessoal e profissional.“As escolas têm que ter práticas pedagógicas que permitam a reflexão sobre quem eles são: sobre o próprio aprendizado, sobre a relação com o outro… porque a gente não constrói um projeto de vida sem pensar nas nossas relações interpessoais”, afirma a psicóloga e pedagoga Ana Carolina D’Agostini. No áudio, a coautora do livro “Se Liga na Vida – Projeto de Vida” traz cinco sugestões de como aproveitar a inserção da temática para aumentar a motivação de estudantes do ensino médio: – Estímulo ao protagonismo e autonomia no aprendizado; – Compartilhamento das experiências pessoais e profissionais dos professores; – Demonstração de que o projeto de vida não se encerra no ensino médio; – Promoção da participação de pais e responsáveis no processo; – Abertura da escola para um eficiente processo de escuta.
9 minutes | Apr 29, 2022
Ponto de não retorno na Amazônia: o que fazer para que a floresta permaneça viva?
A Amazônia está cada vez mais próxima do que cientistas chamam de “ponto de não retorno”. Em outras palavras, a floresta pode perder a capacidade de retirar da atmosfera grandes quantidades de gás carbônico e, ainda, passar a emitir o gás em grande quantidade. “Se nós continuarmos o desmatamento, entre 20, 40 anos, nós passamos do ponto de não retorno e aí, mesmo que nós consigamos parar o desmatamento depois disso, a floresta vai se degradar. Ela vai desaparecer. E nós vamos, então, perder a região com a maior biodiversidade do planeta”, analisa o climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo Carlos Nobre. O alerta está também em artigo publicado em março deste ano na revista científica Nature Climate Change. O estudo aponta que a floresta está menos resiliente diante de emergências climáticas. “Isso tem a ver com o aumento da temperatura, com o aumento da severidade das secas e alguns estudos já mostraram que o sudeste da Amazônia – no norte de Mato Grosso e sul do Pará —, durante a estação chuvosa, a floresta já virou uma fonte de carbono. Ela não remove mais carbono da atmosfera, porque ali aumentou muito a mortalidade das árvores”, explica Nobre. No áudio, o pesquisador aponta em detalhes o que ainda pode ser feito para evitar o pior cenário para a floresta. “É preciso zerar o desmatamento, zerar a degradação florestal, zerar o uso do fogo imediatamente no sul da Amazônia e em toda a Amazônia até 2030. Restaurar uma grande área no sul da Amazônia, para tentar conseguir que essa floresta volte a reciclar água, aumentar a chuva, diminuir a temperatura e — quem sabe — possa fazer parar de crescer o tamanho da estação seca, a duração da estação seca e, eventualmente, até diminuir”, resume.
9 minutes | Apr 26, 2022
‘Crime e castigo’ em HQ pode ser trabalhado nas aulas de literatura
Um dos clássicos da literatura universal, a obra “Crime e castigo”, de Fiódor Dostoiévski, ganha uma adaptação em formato de graphic novel, feita por Bastien Loukia. A obra foi traduzida para o português pela mestre em Letras e tradutora Carolina Selvatici. Ela discorre sobre a HQ e suas interpretações neste podcast. “As discussões se mantêm. A emoção que você sente se mantém. Esse tipo de adaptação é extremamente importante para aproximar o público da literatura. Um adolescente não leria um livro de Dostoiévski de outras forma, porque você tem que ter uma dedicação que não é todo mundo que tem”, acredita Selvatici. Já a atualidade dos temas abordados pelo escritor russo em "Crime e castigo" é ressaltada pela outra entrevista deste podcast, a professora do curso das Letras Russas da Universidade de São Paulo (USP) Elena Vássina. “Lendo Dostoiévski, a gente está dentro de problemas que nos tocam como seres humanos. Ele toca muitas questões que a humanidade – com tantos milênios de existência – não conseguiu resolver até hoje”, reflete.
9 minutes | Apr 19, 2022
Descobrimento, achamento ou invasão: o que define o dia 22 de abril de 1500?
Abril é marcado por duas datas que, aparentemente, não possuem ligação: 19 (Dia do ‘Índio’) e 22 (‘Descobrimento’ do Brasil). Mas por que chamamos de descobrimento o momento em que Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil, se o próprio integrante da frota portuguesa, o escrivão Pero Vaz de Caminha, registra este momento da história como “achamento”? “Os índios estavam presentes dentro do continente e a Carta de Caminha é maravilhosa no sentido de reconhecer a importância dos índios, a beleza dos índios, a fidalguia dos índios, que recebem bem os portugueses; as boas condições de saúde; a fartura de alimentos. Enfim, os índios viviam absolutamente bem, com sociedades estruturadas, muito diversas das europeias, mas sem qualquer necessidade de uma relação colonial”, resume o integrante do grupo de Antropologia Histórica do Museu Nacional do Rio de Janeiro João Pacheco de Oliveira. Entrevistado neste podcast, Oliveira é o responsável pela produção do material didático da exposição “Os Primeiros Brasileiros”, que, desde 2021, está disponível também em versão online. Por meio dos documentos, é possível entender por que intelectuais indígenas têm revisado a chegada dos portugueses ao Brasil e a chamado de invasão. “A expressão é bem forte, mas, do outro lado, ela corresponde muito mais à verdade dos fatos. A chegada dos europeus no Brasil e na América foi fundamental para o desenvolvimento das monarquias europeias e da economia europeia. O ouro do México, a prata do Peru, a madeira do Brasil e de outros lugares, elas foram importantes pra ativar a economia europeia. A Revolução Industrial não teria acontecido sem o ouro da América e sem os recursos que saíram daqui”, explica.
8 minutes | Apr 12, 2022
5 cuidados com a voz que o professor deve ter em aulas presenciais
Em 2020, com a adaptação das aulas para o ambiente online, o Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Voz, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), passou a acompanhar as adaptações que professoras e professores tiveram de fazer para lidar com essa mudança. Para a coordenadora do laboratório, Katia Nemr, a volta à sala de aula exige um novo preparo vocal. “Nós estamos agora nos readaptando a esse convívio social. Se esse professor está andando na sala e a sala é muito grande ou muito cheia, ele pode ter de elevar muito o tom da voz para que possa ser ouvido. E isso gera um esforço muito maior”, exemplifica. No podcast, a fonoaudióloga traz dicas para manter a voz saudável, mesmo diante de fatores de risco, como trânsito, poeira do giz, jornadas exaustivas e, inclusive, sequelas em quem teve covid-19. Confira abaixo um resumo dos apontamentos que Nemr detalha no podcast: 1. Usar microfone, sempre que possível, ajuda a projetar a voz com menos esforço; 2. Adaptar a aula para utilização de recursos audiovisuais, mapas mentais e slides faz com que a voz seja poupada em alguns períodos; 3. Diante de jornadas muito longas, faça alongamentos nos intervalos e mantenha o corpo hidratado. Tome água pelo menos meia hora antes do início das aulas; 4. Em salas de aula que usam giz, limpar a lousa com pano umedecido e tomar cuidado para que o pó não se espalhe, ajuda muito; 5. Bebidas e cigarro, inclusive o eletrônico, são prejudiciais também à garganta.
8 minutes | Apr 8, 2022
Sambas-enredo exaltam contribuições de negros e indígenas para a história do Brasil
Desde meados dos anos 1950, tendo como ponto alto a composição “Navio Negreiro”, defendida pela Salgueiro, os desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro são marcados por alguns sambas-enredo que contam a História do Brasil por um ponto de vista diferente daquele que é apresentado ainda hoje como oficial. “Eles colocam uma perspectiva de que outros grupos também fazem parte da construção do país, porque, na narrativa hegemônica, muitas vezes, grupos indígenas, negros e populares não são enxergados com a sua devida contribuição para a história”, explica a doutoranda em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas Anna Cristina Almeida. Em seu trabalho, ela se debruçou sobre quase 1,6 mil sambas-enredo dos carnavais cariocas (entre 1939 e 2019). A visão da pesquisadora é corroborada pelo historiador, escritor e compositor Luiz Antonio Simas, autor de diversos livros sobre o tema. “Há essa perspectiva do samba de enredo também ser um instrumento pedagógico de revisão de uma certa história oficial. É contar a história, por exemplo, da independência a partir da luta dos ‘Baianos do 2 de julho’; é você contar a história da abolição tirando a centralidade da figura da Princesa Isabel e colocando a centralidade numa luta que começa em Palmares, que passa por personagens fundamentais, como Tereza de Benguela, Luiza Mahin”, defende. No áudio, ambos citam sambas que têm essa proposta e porque devem ser vistos como instrumentos importantes de educação popular.
9 minutes | Mar 23, 2022
5 tipos de violência doméstica são apresentados na websérie ‘Sobejo – processo indeferido’
No mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, o canal no youtube do projeto “Sobejo: processo indeferido” disponibiliza cinco episódios de uma websérie que apresenta as diversas formas de violência doméstica tipificadas na Lei Maria da Penha (11340/2006). “Um dia a gente estava numa reunião, lá na produção: ‘por que não colocar sobejo?’. Porque sobejo tem o significado de resto, de migalhas. É o significado dessa violência que é tão perversa, porque ela não machuca somente o físico, ela destrói a sua alma também. Se dependesse dessa migalha, ela não mais viveria. É esse resto que este machista, que este agressor quer que a gente aceite e a gente não vai aceitar”, defende uma das idealizadoras do projeto Eddy Veríssimo. Ela concebeu a websérie com a atriz Juliana Monique. Nos capítulos de ‘Sobejo’, atrizes diferentes interpretam a personagem Georgina Serrat, mulher que vê sua dignidade, felicidade e sonhos frustrados quando descobre no casamento a face violenta do marido. A narrativa é ficcional, mas a escrita tem como base fatos reais que envolvem diversas formas de violência doméstica:  patrimonial, sexual, psicológica, moral e física. Além de parte da equipe envolvida, o áudio conta também com o depoimento de Andreia Almeida, conselheira Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres do Estado da Bahia, idealizadora e diretora do Coletivo Mulheres de Atitude. Ela explica o que caracteriza cada uma dessas violências e porque as agressões psicológicas, patrimoniais e sexuais nem sempre são percebidas pelas mulheres que as sofrem.
8 minutes | Mar 22, 2022
Livro ‘Batalha!’ usa força da cultura hip hop para combater racismo e desigualdade
Jovens da periferia descobrem na arte uma forma de batalhar contra o racismo, a opressão policial, a desigualdade social e toda sorte de preconceitos. Este é o mote do livro “Batalha!”, de Valdir Bernardes Jr. e Tânia Alexandre Martinelli, que é uma das entrevistadas deste podcast. “A literatura é o melhor caminho de se colocar na vida do outro: trazendo realidades diferentes, fazendo os jovens pensarem, pra gente tentar ser uma sociedade menos preconceituosa”, acredita a coautora, que tem dezenas de títulos voltados para o público juvenil. Na história, Tati é moradora do bairro de Pirituba, em São Paulo, e está em sua jornada para se tornar poeta, e Henrique e sua turma, no Morro do Horácio, em Florianópolis, promovem batalhas de rap, de dança e, sobretudo, pela vida. O engajamento com a cultura hip-hop e a poesia podem gerar atividades interessantes para a sala de aula, conforme aponta Thiago Braga, professor de língua portuguesa do Sistema de Ensino PH. “É possível pedir para que os alunos façam uma comparação entre ‘O Bicho’, Manuel Bandeira, e o ‘Tem gente com fome’, de Solano Trindade, e busquem identificar na obra momentos em que trechos desses poemas possam ser enquadrados, encaixados. Em que momento determinado personagem passou por uma situação que pode ter relação com um desses dois poemas?”, sugere.
8 minutes | Mar 15, 2022
Game ‘Árida’ usa foco narrativo para aproximar estudantes de cultura e história do sertão
O game “Árida – Despertar do Sertão” foi idealizado pelo historiador Filipe Pereira, quando ainda fazia parte do grupo de pesquisa “Comunidades Virtuais”, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Com força no foco narrativo, a jornada da personagem Cícera – uma garota de 13 anos que vive com o avô - tem sido utilizada em algumas escolas para aproximar estudantes da cultura e da história do sertão brasileiro. “Quando ela (Cícera) precisa sair da vila para ir rumo a Canudos, a gente traz os elementos da escassez, mas, ao mesmo tempo, traz um sertão muito rico visualmente, de uma forma que seja alheia aos estereótipos”, afirma o criador da Aoca Game Lab. No enfrentamento das peculiaridades de uma grande seca no século XIX, ambientada no arraial de Canudos, em 1896, o game "Árida" traz múltiplas manifestações culturais regionais, com destaque para a oralidade, com a utilização, por exemplo, do cordel, que você pode ser conferido no áudio. “É um elemento regional cultural extremamente potente, que diz muito sobre a cultura que a gente está trabalhando, mas a gente sabia que a gente coloca isso aqui dá uma vazão pra língua portuguesa, pra literatura, enfim”.
8 minutes | Mar 9, 2022
Obra de Alex Vallauri pode estimular produção de grafites na escola
O Dia Nacional do Grafite, celebrado em 27 de março, é em homenagem ao pioneiro desta arte no Brasil, Alex Vallauri, que morreu nesta data, em 1987, vítima de AIDS. Para reproduzir símbolos da cultura pop pelos muros de São Paulo, o grafiteiro utilizava máscaras vazadas. Essa técnica pode ser um caminho que permite percorrer o processo artístico de Vallauri ao longo das etapas do ensino básico. A proposta é defendida pela artista e educadora Christiana Moraes, que coordenou a produção de material destinado ao uso da obra do grafiteiro nas escolas, quando esteve à frente do setor Educativo do Museu de Arte Contemporânea da USP. “Quanto ao grafite em si, dá para ensinar estêncil ou máscara, desde o primeiro ano do ensino fundamental I ao terceiro ano do ensino médio. Você pode ir ensinando a fazer estêncil e máscaras cada vez mais complexas; começar com uma forma mais simples e tornando mais difícil”. No áudio, a bacharel em Gravura pela ECA/ USP traz diferentes abordagens para estudar a obra de Alex Vallauri, envolvendo disciplinas como artes, história, geografia e inglês. Christiana Moraes ressalta ainda que a falta de materiais específicos não deve ser um limitador para o estudo do grafite na escola. “Eu acho que a gente não pode se limitar nos materiais para não abordar o grafite, por exemplo. Não tenho o spray? Mas a gente pode fazer a máscara de papelão, usando um rolinho (esses rolinhos de espuma, de pintar parede), por exemplo”, explica. Foto: A Rainha do Frango Assado em Pic-nic no Glicério, de Alex Vallauri (crédito: Kenji Ota/Fundação Bienal de São Paulo/Arquivo Histórico Wanda Svevo).
8 minutes | Mar 8, 2022
Pesquisadora avalia avanços e ameaças à representatividade feminina na política brasileira
A lei que dá direito às mulheres de votar e se eleger no Brasil é de 24 de fevereiro de 1932. Mesmo depois de mais de nove décadas, no entanto, o Brasil ainda está muito distante de alcançar a paridade política. “O primeiro argumento que eu colocaria para a importância de ter mais mulheres na política seria a justiça da representação, quer dizer, a gente ter no congresso, no parlamento, um espelho do que é a nossa sociedade, para considerar que a gente tem uma democracia completa”, afirma a doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) Hannah Maruci Aflalo. Apesar de representarem pouco mais de 52% do eleitorado, as mulheres ocupam apenas 15,80% dos cargos eletivos, como os de deputadas, senadoras e prefeitas, tomando por base a eleição de 2020, de acordo com o site da Justiça Eleitoral. Nem leis que surgiram mais recentemente tiveram força para mudar este quadro. Desde 1997, por exemplo, 30% das pessoas que se candidatam por um partido devem ser mulheres. “O proporcional seria a gente ter, no mínimo, 50% de cadeiras para mulheres e, no mínimo, 25% para mulheres negras, o que levaria a uma equidade, uma paridade de gênero e de raça, mas a gente está muito longe de conseguir isso no Brasil. A gente está neste momento lutando para não fazer com que as cotas de candidaturas se tornem inócuas”, alerta a entrevistada.
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